O que a Lei Eleitoral diz sobre a candidatura de pessoas com deficiência: garante igualdade de elegibilidade, exige adaptações de acessibilidade no registro, nas campanhas e na votação, prevê recursos contra impugnações discriminatórias e obriga partidos e órgãos eleitorais a providenciarem meios e atendimento para viabilizar a participação política.
O que a Lei Eleitoral Diz Sobre a Candidatura de Pessoas com Deficiência. Já pensou se as regras mudam quando uma pessoa com deficiência decide concorrer? Aqui explico, com exemplos práticos, direitos, dúvidas comuns e passos para se orientar.
Quais são os direitos eleitorais das pessoas com deficiência
As pessoas com deficiência têm o direito de votar e de ser candidata em igualdade de condições. A Constituição Federal e o Estatuto da Pessoa com Deficiência garantem participação política sem discriminação, o que significa que a deficiência, por si só, não pode impedir a candidatura.
Critérios e igualdade de condições
Para concorrer, aplica-se as mesmas exigências legais de qualquer candidato: idade mínima, filiação partidária e regularidade eleitoral. Não existe restrição baseada na deficiência. O que muda é a necessidade de assegurar condições práticas para que a pessoa exerça seus direitos plenamente.
Acessibilidade no ato de candidatura e na campanha
Partidos e coligações devem fornecer meios acessíveis para registro de candidaturas e participação em atividades internas. Materiais de campanha devem considerar formato acessível, como textos em leitura fácil, áudio, versões em braille e vídeos com legenda e libras. Debates e eventos públicos precisam prever intérpretes de libras e espaços acessíveis.
Garantias no dia da votação
Os locais de votação devem oferecer acessos sem barreiras, assentos prioritários e espaço para cadeiras de rodas. As urnas eletrônicas possuem recursos de acessibilidade, como fones e teclados adaptados, para auxiliar eleitores com deficiência visual ou auditiva. O eleitor pode solicitar assistência para votar, desde que seja respeitado o sigilo do voto.
Como solicitar adaptações e proteger seus direitos
Se você precisar de adaptações, comunique o cartório eleitoral ou a justiça eleitoral com antecedência. Peça formalmente a instalação de recursos ou a presença de atendentes capacitados e registre o pedido por escrito. Em caso de negativa, é possível recorrer ao juiz eleitoral, registrar reclamação e buscar apoio de organizações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.
Dicas práticas: informe o partido sobre a necessidade de acessibilidade, leve documentos que facilitem seu atendimento, e solicite orientação da ouvidoria eleitoral quando houver dúvidas. Registrar problemas no dia da eleição ajuda a garantir mudanças futuras.
Critérios de elegibilidade e barreiras legais

Pessoas com deficiência não têm critérios diferentes para se candidatar; aplicam-se as mesmas exigências legais de qualquer candidato. Porém, barreiras práticas e interpretações equivocadas podem dificultar o exercício desse direito.
Requisitos legais para candidatura
Para registrar uma candidatura são exigidos: idade mínima, filiação partidária, regularidade na Justiça Eleitoral e ausência de condenações que suspendam os direitos políticos. A deficiência, por si só, não elimina a elegibilidade.
Barreiras práticas e interpretações equivocadas
Obstáculos comuns incluem falta de acessibilidade nos cartórios, formulários em formato impossível de ler, exigência de assinaturas ou documentos sem alternativas e ausência de intérprete de libras. Em alguns casos, há tentativas de impugnação com base em preconceito ou interpretações erradas sobre capacidade.
Direitos processuais e recursos
Se houver negativa de registro ou exigência discriminatória, é possível protocolar recurso na Justiça Eleitoral. Documente tudo: protocolos, e-mails, fotos do local e testemunhas. Procure orientação de advogados, defensorias públicas ou organizações de defesa dos direitos da pessoa com deficiência.
Boas práticas para partidos e comitês
Partidos devem oferecer canais acessíveis para inscrição, versões em leitura fácil e apoio para preenchimento de documentos. Garantir intérprete, acesso físico e digital sem barreiras reduz impugnações e amplia a participação.
Exemplo prático: ao solicitar registro, peça por escrito adaptações necessárias e anexe comprovantes. Se o pedido for negado, protocole recurso imediato e informe entidades especializadas para apoio.
Acessibilidade nas campanhas e adaptações obrigatórias
Campanhas eleitorais devem ser planejadas para incluir todas as pessoas, garantindo acesso físico, comunicacional e digital. A acessibilidade não é opcional; é obrigatória por lei e essencial para participar plenamente da vida política.
Materiais e formatos acessíveis
Produza conteúdo em leitura fácil, textos com fonte grande, alto contraste e versões em braille. Ofereça áudios, vídeos com legendas e intérprete de libras. Sites e redes sociais devem ser compatíveis com leitores de tela e navegação por teclado.
Ajustes em eventos e deslocamento
Debates, comícios e reuniões precisam ter rampas, plataformas sem degraus, sanitários adaptados e assentos reservados. Garanta transporte acessível para deslocamento de candidatas e eleitores com mobilidade reduzida.
Atendimento e equipe treinada
Forme equipes capacitadas em comunicação inclusiva e atendimento acessível. Tenha um ponto de contato para solicitações de adaptação e registre pedidos por escrito para rastreabilidade.
Adaptações técnicas e apoio auxiliar
Use urnas e equipamentos compatíveis com audiodescrição, fones e teclados adaptados quando necessário. Disponibilize apoio de guia-intérprete ou assistente, preservando o sigilo do voto quando aplicável.
Dicas práticas: inclua verba no plano de campanha para adaptações, consulte organizações da pessoa com deficiência ao planejar ações e teste os locais com antecedência. Documente as medidas adotadas para demonstrar cumprimento legal e facilitar ajustes futuros.
Como registrar candidatura e quais documentos apresentar

O registro de candidatura começa com o apoio formal do partido e o envio dos documentos exigidos ao órgão eleitoral. É fundamental organizar toda a documentação com antecedência e pedir adaptações se precisar de atendimento acessível.
Documentos normalmente exigidos
Reúna: documento de identidade, CPF, comprovante de residência, prova de filiação partidária e certidão de quitação eleitoral. Podem ser solicitadas certidões judiciais ou outros comprovantes dependendo do caso. Sempre guarde cópias e protocolos de entrega.
Passos para registrar a candidatura
1. Confirme o prazo eleitoral com o partido. 2. Preencha os formulários exigidos pelo partido e pelo cartório eleitoral. 3. Entregue os documentos pessoalmente ou por meio indicado pelo partido. 4. Peça protocolo escrito e número de registro para acompanhar o processo.
Como garantir acessibilidade no registro
Peça atendimento prioritário, intérprete de libras ou versões em braille/leitura fácil ao fazer a entrega. Formalize o pedido por escrito e anexe ao protocolo para evitar problemas futuros.
O que fazer em caso de impugnação
Se houver negativa ou contestação, solicite imediatamente os motivos por escrito e procure orientação jurídica. Protocolize recursos na Justiça Eleitoral e reúna provas, como e-mails, fotos e testemunhas, para demonstrar cumprimento dos requisitos.
Dica prática: mantenha uma pasta organizada com todos os documentos numerados e cópias digitais. Isso facilita correções rápidas e agiliza respostas a exigências do cartório ou da justiça eleitoral.
Em resumo, a lei garante que pessoas com deficiência podem se candidatar e votar em igualdade de condições, embora barreiras práticas ainda ocorram.
Organize documentos com antecedência, solicite adaptações por escrito e busque apoio de partidos, defensorias ou entidades especializadas se houver problemas.
Exerça seu direito com confiança: registre a candidatura, documente irregularidades e recorra à Justiça Eleitoral quando necessário. A participação ativa fortalece a democracia para todos.
FAQ – Candidatura de pessoas com deficiência e lei eleitoral
Pessoas com deficiência podem se candidatar?
Sim. A lei garante o direito de se candidatar em igualdade de condições; a deficiência não impede a elegibilidade, mas são necessárias adaptações práticas quando preciso.
Quais documentos são exigidos para registrar a candidatura?
Normalmente: documento de identidade, CPF, comprovante de residência, prova de filiação partidária e certidão de quitação eleitoral; podem ser pedidas certidões judiciais conforme o caso.
Como solicitar adaptações no momento do registro?
Peça as adaptações por escrito ao cartório eleitoral ou ao partido, solicite intérprete de libras, braille ou leitura fácil e anexe o pedido ao protocolo de entrega.
O que fazer se o registro for impugnado por discriminação?
Reúna provas, protocole recurso na Justiça Eleitoral, busque orientação jurídica e acione defensorias ou organizações especializadas para apoio e representação.
Quais adaptações uma campanha deve oferecer?
A campanha deve garantir acessibilidade física (rampas, sanitários adaptados), comunicacional (libras, legendas, braille, leitura fácil) e digital (sites compatíveis com leitores de tela).
Onde buscar apoio e informações sobre direitos eleitorais?
Procure o cartório eleitoral, defensorias públicas, Ministério Público, partidos políticos e organizações da pessoa com deficiência para orientação e suporte prático.

